Sinopse:      Ser Branco debate um aspecto tão pouco explorado das relações raciais, tema que, em nosso país, quase sempre é sinônimo de falar sobre os negros e a negritude, desconsiderando o outro lado da relação. Para fazê-lo, a autora ousadamente debateu com os autores estrangeiros, principalmente norte-americanos, que vêm desenvolvendo o conceito de whiteness, por vezes traduzido por brancura, noutras por branquitude. Também foi corajosa ao voltar a Gilberto Freyre, que dentro de seu contexto histórico já falava do “branco mestiço” do Brasil. E recorreu aos pesquisadores sobre relações raciais, tanto cá quanto no estrangeiro, a fim de iluminar os depoimentos de professores e professoras que detalhadamente analisa. Nesse processo, a mulher negra Luciana expôs-se — às vezes dolorosamente — para poder revelar-nos as hesitações, as cumplicidades ou ambigüidades da fala construída em situação de entrevista, aqui também enfatizando que se trata de uma relação, ou mais precisamente, de uma interação, em que os lugares sociais de cada um/a são evocados e marcam o que se diz tanto quanto o que é silenciado. Na trama delicada destas falas, Luciana expõe a imagem de brancura nos depoimentos de homens e mulheres que se consideravam brancos, quase sempre visível apenas pelo negativo, quando se desvenda o que para eles é não ser negro; e também nos revela outros significados de ser branco, no espelho em que se olham e não se encontram professores e professoras autoidentificados como negros. Sem falar nas dificuldades de interpretar as falas daqueles que oscilaram sua declaração de pertença racial a ponto de ser necessário criar um item sobre os “ambíguos”. |