Sinopse:      O trabalho em saúde é muito mais que fazer consertos físicos e bioquímicos em órgãos com defeito do corpo humano, pois a crise trazida pelos problemas de saúde e o ardor da luta pela saúde envolvem o profissional nos dilemas mais profundos do existir. Temos acesso a uma dimensão desarrumada da vida humana que poucos conhecem. Podemos participar de processos edificantes de reconstrução do existir ou de desabamentos catastróficos de vidas familiares. Nessa lida, nossos grandes instrumentos terapêuticos são a escuta, a presença, as palavras e os gestos. Como usá-los? Há um rico saber de manejo desses instrumentos, acumulado milenarmente ao longo da história. Mas esse saber foi desprezado pelo modelo médico dominante no século XX. Assistimos, no entanto, a um movimento de retomada de sua valorização, principalmente a partir da expansão de sistemas nacionais de saúde organizados com base na atenção primária à saúde. O movimento da Educação Popular em Saúde vem sendo protagonista de inúmeras experiências comunitárias de saúde inovadoras, que apontam para um modelo de trabalho que avança não apenas no sentido de uma assistência integral aos problemas individuais, mas também para o enfrentamento de problemas estruturais geradores de adoecimento, bem como a construção de uma atuação voltada para a reconstrução da nação a partir da utopia da solidariedade e justiça social. Não basta, porém, alguns saberem assim atuar. É preciso que esse “saber fazer” se generalize nas instituições e nas práticas sociais. |