Sinopse:      Este livro versa sobre distintas formas de apagamento que a presença indígena charrúa tem sofrido ao longo da história do Uruguai. Depois do país ter-se considerado a si mesmo como uma nação sem indígenas durante dois séculos, a partir de 1980 emergem os primeiros coletivos de descendentes charrúas. Reivindicam, desde então, ter sua presença reconhecida e a reparação histórica frente aos massacres perpetrados em 1831. Assim como o arqueólogo procura vestígios de uma cultura e de história nas distintas camadas de terra, Uma arqueologia do apagamento transita por eixos que articulam e organizam o “desaparecimento” charrúa. Através de uma etnografia histórica baseada em documentos e na leitura da produção erudita, a pesquisa explica como a aparente ausência produziu-se por esquemas de apagamentos e esquecimentos, que tinham como horizonte a formação de uma nação europeizada. Desse modo, enquanto a “desaparição” é uma categoria que pareceria falar por si mesma, essa pesquisa oferece uma análise que remete à faceta ativa das narrativas, onde as ausências e as presenças indígenas respondem a vastos processos sociais de construção nacional. Assim, por exemplo, enquanto distintos atores tomaram os massacres como eventos de extinção de todo um povo indígena, o livro os aborda enquanto história da escravização e da invisibilização dos e das sobreviventes. Atualmente, só existem dez coletivos charrúas organizados no Uruguai, e o número de descendentes chega a representar 2,8% da população total do país. Porque isto se tornou um complexo debate na sociedade e na academia, e porque o discurso do “desaparecimento” indígena é tão arraigado, são algumas das interrogações que guiam este trabalho. |